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Papa Francisco conversou nesta quinta-feira (5) em uma videoconferência pela internet com cinco jovens estudantes com deficiências e de diferentes continentes. A iniciativa, chamada Scholas, procura promover a cultura do encontro e a 'mudança pela educação', segundo a agência Efe.
Na conversa com adolescentes de 12 e 13 anos com problemas motores, de comunicação ou com sindrome de Down, o Papa Francisco disse que os jovens precisam sempre se comunicar e não guardar para dentro de si seus problemas. "Quando não nos comunicamos, ficamos sozinhos. Mas quando vocês dão o melhor que têm dentro de vocês, é muito importante."
Um dos adolescentes era o brasileiro Pedro, que tem uma má formação no braço direito. Ele falou ao papa que, assim como Francisco, é fã de futebol. "Gosto de jogar no gol. É a posição que mais me diverte", disse Pedro. "E o que você sente quando toma um gol?", perguntou o Papa. "Me sinto feliz por estar com meus amigos praticando um esporte."
O pontífice então disse ao brasileiro que ele está "dando uma lição". "Não importa ganhar, mas jogar e estar com os amigos", destacou o Papa.
O Papa respondeu a pergunta de jovem dizendo que não tem tablet (Foto: Reprodução/Scholas)
Também participaram crianças da Argentina, Espanha, Estados Unidos e Índia. Francisco disse ainda que "cada um de vocês têm uma caixa com um tesouro dentro. O trabalho de cada um é abrir a caixa e tirar este tesouro, fazê-lo crescer, dar e receber com os demais". "Não esconda o tesouro que têm dentro de cada um."
A iniciativa, chamada Scholas, procura promover a cultura do encontro e a 'mudança pela educação', explicou em entrevista à Agência Efe por telefone, de Buenos Aires, o diretor global das Scholas, José María del Corral, argentino que trabalha com o papa desde o tempo em que Jorge Mario Bergoglio era arcebispo de Buenos Aires.
O projeto Scholas nasceu de experiências concretas vividas na Argentina com escolas públicas e particulares. A primeira delas, 'Escola de Vizinhos', permitia a alunos do ensino médio de diferentes níveis sociais discutir problemas e encontrar soluções.
Ao final, o Papa Francisco se despediu dos alunos (Foto: Reprodução/Scholas)
O diretor global das Scholas, José María del Corral, argentino, trabalha com o papa desde o tempo em que Jorge Mario Bergoglio era arcebispo de Buenos Aires. Corral deu como um exemplo o abuso sofrido por meninas menores de idade em remis (carros de aluguel) sem identificação na Argentina, vítimas dos motoristas contratados para levá-las e buscá-las em festas. Segundo o diretor do projeto, o problema foi identificado nas reuniões, o que levou às autoridades a abrir uma investigação e a aprovar uma lei que obriga os remis a ter identificação.
Esse exemplo, em uma escala diferente, é algo que o projeto procura amplificar para que a integração permita mudanças de forma mundial.
Hoje, quase seis meses depois do primeiro encontro virtual de Francisco com jovens participantes das Scholas, o papa volta a se conectar para compartilhar experiências, nesta oportunidade com cinco estudantes com deficiências intelectuais ou físicas de países como o Brasil, Estados Unidos, Espanha e Índia.
O Scholas, que lançou em setembro do ano passado o 'scholas.social', uma plataforma colaborativa, vtem como objetivo funcionar como uma ferramenta para que as escolas e instituições educacionais associadas 'analisem juntas os problemas e busquem soluções concretas'.
De acordo com o diretor, o processo os transformará de cidadãos passivos em ativos. A plataforma social já conta com 400 mil escolas dos cinco continentes, com uma média de 500 alunos em cada uma.
Ele esclarece que não apenas instituições educativas fazem parte da rede. A Fifa e associações regionais de futebol, como a Conmebol, além de federações de outros esportes como o polo, também se envolveram. Entre as instituições representadas também estão o brasileiro Instituto Mara Gabrilli (IMG) e as espanholas Fundación Gil Gayarre, para crianças com síndrome de Down, e o Centro de Recursos Educativos Once, para pessoas cegas.
Segundo Corral, o desafio é criar pontes que integrem todas as religiões e aproveitar o potencial de Francisco 'como alguém que pode integrar' a todos.
"Com a tecnologia, é possível superar muros e construir pontes", afirmou ele ao se referir ao caso dos jovens selecionados para a conversa, como autismo, ausência de um dos membros ou cegueira.