30 novembro 2015

Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.


   É preciso validar a importância de algumas datas. Aqui no Brasil, os feriados não ajudam muito a enaltecer os feitos, ressaltar a biografia das figuras históricas, e muito menos debater a repercussão das ações humanitárias promovidas por grandes personagens históricos brasileiros. O reconhecimento de tais figuras nos é passado de uma forma arbitrária. Desde crianças estamos acostumados a fazer trabalhos escolares sobre Tiradentes, cantar músicas meio ridículas no dia do índio e a fazer uma redação burocrática sobre a Proclamação da República.

   Então , quando chega uma data a evocar os feitos de uma figura de relevo para a construção do nosso país, interessa mesmo se vai fazer sol ou não no feriado X. As informações acerca das condições de tráfego nas estradas são a pauta escolhida pela imprensa. Não parece interessante,no que toca aos grandes veículos da mídia, consolidar uma informação consistente para a nossa memória enquanto nação. Afinal, esse era o papel dos incipientes trabalhos exigidos por muitos dos nossos professores.

   Fica enraizado um desapego com a nossa memória, uma falta de orgulho com ações extraordinárias que ajudaram a moldar a trajetória do nosso país. E o pior, não é dada a repercussão merecida a quem milita por causas fundamentais.  Parece então que não precisamos entender a importância de resistência existente na trajetória de Zumbi, nem entender como a brilhante, heroica atuação com que o movimento negro tem ajudado o país a executar uma política mais igualitária. Abdias Nascimento, Sobral Pinto, Glauber Rocha nunca foram tema de nenhuma pesquisa escolar minha. Nenhum feriado foi pensado para lhes homenagear. Porém, o legado desses ícones merecia ser tema de amplo estudo.

  Ainda bem que no dia 03 de dezembro o calendário não nos presenteará com mais um dia de descanso. No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência são discutidos temas cruciais para a nossa causa. A chancela da ONU carimba o grau de seriedade que o assunto precisa ter. Através de campanhas de conscientização espalhadas ao redor do mundo, assembleias promovidas em diálogo com entidades do poder público e associações referenciais que lutam pela nossa inclusão, temos uma chance real de atuarmos como agentes responsáveis pelas mudanças futuras.

  A cada ano o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência tem um tema específico. A partir dessa escolha são pautadas as atividades e eventos deste dia. Em 2015 o tema é "A inclusão importa: acesso e capacitação para pessoas de todas as habilidades".

  Porque o protagonismo político é uma ferramenta indispensável para a resolução de nossas reclamações. A mobilização organizada, amplificada pela conversa e consequente ação entre os movimentos que lutam pelos direitos das pessoas com deficiência e o governo estará em pleno destaque. Portanto, no dia 03 de dezembro, devemos acompanhar com atenção ao movimento produzido nas nossas cidades. Seja por ações inclusivas com caráter cultural, ou quando podemos exercer uma função pedagógica virtual, e disseminar conteúdo sobre o assunto pelas redes sociais. O principal, no entanto, é nos inteirarmos sobre os encontros promovidos entre as instâncias do poder e as representações dos movimentos inclusivos e marcarmos presença. Para ouvirmos e participarmos do processo.

   Infelizmente, no Brasil, a cultura do feriado não valoriza a riqueza dos personagens históricos escolhidos. E um país sem apego à própria memória não consolida uma prática de avanço, de melhora com o próprio futuro. O dia 03 de dezembro não determinou os feitos históricos a uma pessoa específica. Nesta data, nós, que somos mais de 45 milhões de pessoa com deficiência no país, precisamos ecoar as nossas demandas. E sempre consolidar um caminho para a mudança que queremos ter.

  Um abraço para todos!

  André Nóbrega.



2 comentários:

  1. Perfeito, amigo. Excelente texto e reflexão!
    Neste último feriado carioca, em homenagem a luta pela igualdade "racial" simbolizado pelo ícone Zumbi, pensei justamente isso que vc muito bem pontuou: como simplesmente ignoramos os porquês dos feriados e de sua história, nos importando somente com o dia de folga que ele pode proporcionar. Isso é extremamente limitante e também injusto com aqueles que pavimentaram a estrada que hoje trilhamos com mais tranquilidade.
    Obrigado pela dedicação em nos oferecer ótimas leituras!
    Um abraço, Ricardo.

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  2. Muito Bom. Infelizmente ainda ha um longo caminho a percorrer
    Augusto Novis

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