11 abril 2016

A legião de seres resilientes,tenazes.

  Sou guiado por algumas situações.Quando estou na rua sempre me atento para encontrar algum cadeirante,alguma pessoa com deficiência que possa estar perto de mim.E as razões são muitas para isso acontecer.
  
 Quando encontro pessoas que optaram por estarem na rua,mesmo com as reconhecidas adversidades com as quais precisamos nos defrontar,fico tomado por um sentimento de satisfação.

  Apesar dos pesares,continuamos na luta pela interação social. A rua,mesmo com seus empecilhos,é também o lugar para conhecermos pessoas,passearmos.Podemos sentir a vida com mais força quando saímos de casa.
  
 Ao procurar nas ruas por pessoas com deficiência eu alimento a minha militância.

 Embora a demanda da acessibilidade seja um fenômeno incontornável, os esforços para lidar com a questão ainda ocupam um posicionamento político tímido do nosso governo.

 Os espaços para a circulação nos desfavorecem. No entanto, para fazer valer o conceito de cidadania que nós desejamos,primeiro nós precisamos ser notados.

 Quando mais pessoas com deficiência nas ruas trabalhando, tentando usar o transporte público,maior será o olhar da sociedade sobre as nossas demandas.

 A invisibilidade nos persegue. Ficamos muitas vezes mais íntimos com o mundo das faltas.Na maior parte das vezes é mais fácil computar a quantidade de direitos que não nos atendem.A semente,a necessária vontade para fecundar mudanças não são alimentadas.

  E,realmente,se cada um de nós parar,começar uma lista do que poderia melhorar, teremos todos itens variados para enumerar.Para não dizer infinitos.
  
  Acredito no valor dos pequenos gestos.Percorrer a cidade com o meu andador,andar de ônibus nunca são ações fáceis,de tranquila execução.

  Porém,por ser teimoso e crer muito na luta pela inclusão ,eu adoro encontrar nas ruas pessoas , gente com uma rebeldia semelhante a minha.Aqueles cuja deficiência permite levar  uma rotina produtiva.  

 O inconformismo, quando bem alimentado,é um capital poderoso para solidificar mudanças.Vai demorar muito para a acessibilidade ganhar a atenção de que lhe é devida.As mudanças capazes de melhorarem a nossa realidade demoram a acontecer.Além do mais,a evolução nunca é compatível,nem proporcional ao que precisamos para conseguirmos viver com dignidade.

  Ainda precisarei andar um bocado por ruas esburacadas, avenidas com sinalização desfavorável,a me obrigar a atravessar a rua em tempo sempre difícil de ser cumprido.

 Mesmo assim, a alegria sentida a cada vez que encontro cadeirantes na rua me impulsiona.Não estou só nessa luta.

  Existe uma legião de seres  resilientes,tenazes,que,mesmo com tantos obstáculos,sempre prossegue firme em sua caminhada.Vejo isso sempre nas ruas.

  Que sejamos sempre assim.

  Um abraço para todos,

  André Nóbrega.




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