Vai chegar o dia em que a palavra
acessibilidade estará gasta, vazia devido a linda estrada de militância,que
muitos antepassados nossos souberam percorrer.Todos estaremos incluídos,enfim integrados
aos espaços.
Finalmente, o direito de ir e vir estará consagrado.
Isso não precisará estar escrito em nenhuma constituição. Nenhuma lei precisará
mudar aquele jeito nosso, a maneira de conceber a mais nova e revolucionária
cidadania.
Porque vai chegar o dia onde andarei pelas
noites tranquilo.Sem me preocupar com buracos nas ruas, a falta de um
transporte público digno,e sinais de trânsito de duração assassina ,a me
obrigar a fazer malabarismo no asfalto.
Para cada andador quebrado haverá uma mulher linda,
parada na esquina, pronta para me dar carona. Será um ato tão espontâneo, um
gesto formatado por tanta gentileza e amor ao próximo, que não estranhem se
essa mesma mulher linda quiser viajar comigo. Embarcaremos numa viagem de pura inclusão,
rumo a praias desconhecidas na Bahia.
Vai chegar o dia na qual lembraremos sem
saudades daqueles dias. De um tempo confuso,bem distante.Segundo os relatos apresentados
pelos livros e filmes,quem apresentasse uma condição física ou mental diferente
recebia um nome estranho.Era classificado,reconhecido como deficiente.
Daí, recordaremos que a falta está longe de ser
a chama que nos movimenta. Brindaremos com louvor, orgulho, pois mesmo quando
vivíamos encobertos pelo manto da desigualdade, nós mantivemos a vida aquecida.
E,ao contrário de um mito difundido,comumente espalhado
na era das desigualdades, nós, de forma alguma quisemos servir de exemplo para alguém.
Ouviremos sem atenção, alegria quando alguém quiser propagar uma lenda urbana, também
atribuída a essa temerosa época.
Era comum nos enxergar como coitados. Teria
isso a ver com uma crença estúpida. Como se estivéssemos aqui para sofrer, como
se adorássemos nos fazer de vítimas das circunstâncias e reclamar de tudo. Como
no passado alguém pôde pensar isso da gente?
Agora, a madrugada que avança
chega bem fria,sem me abraçar com grandes possibilidades.
Vou acordar amanhã sem encontrar nenhum
resquício do quadro acima relatado. No entanto, isso não pode minar o desejo
por uma sociedade mais justa e igualitária.
Ainda vai chegar o dia em que as diferenças
não vão pesar tanto.
Fiquemos firmes,fortes em
nossa luta.
Um abraço para todos,
André Nóbrega.
Sim , um dia todas estas diferenças serão quase imperceptíveis. Estamos trabalhando para isso , desde já. Conheçam o Instituto Abraça
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