‘’Todo mundo tem uma Olimpíada na vida. No final,cada um vai saber se os esforços que fazemos nos tornaram merecedores de ganhar
uma medalha de ouro, de prata ou de bronze’’.
A frase acima foi dita por Walter Casagrande
Junior,antes da transmissão do jogo da seleção brasileira feminina de futebol contra a China.O ex-atacante com passagens pela seleção brasileira,eterno ídolo da fiel e um
dos líderes da democracia corinthiana,é uma figura muito rica.
Nutro grande simpatia pelo Casão,e não por
seus feitos enquanto jogador.Romário,Bebeto e o Ronaldinho fenômeno estão
entre os atacantes a quem reverencio.O que distingue o Casagrande é a sua
humanidade.
Somente alguém que superou a angústia,o
inferno da dependência química,pode ter a coragem,iniciativa para reconhecer
o seu caminho como um percurso de eterna reabilitação.
É necessária uma humildade incomum,uma clara
consciência das suas limitações e compromisso com a possibilidade
de recomeçar para ter um posicionamento assim.
Bom, se antes já admirava o Casa,depois de
ouvi-lo dizer essa frase, passei a considerá-lo ainda mais.Porque eu adoro, venero
quem diz sim nos contextos de não.
Quem tem uma deficiência luta sempre por um pódio
difícil de ser definido, anseia por uma medalha que não chega.Porque às vezes
os nossos esforços parecem ficar em vão,o nosso suor não nos conduz a lugar algum.
Todos os dias nós quebramos recordes invisíveis.
Muitas vezes, o simples ato de ir para o trabalho,voltar para casa nos exige
um fôlego de maratonista.
Esse constante diálogo com as dificuldades,esse
esforço cotidiano com os obstáculos não nos dá o status de um campeão olímpico.Ser perseverante,focado e ter disciplina para conseguir alcançar os nossos
objetivos é um requisito obrigatório.Os patrocínios milionários com marcas esportivas,o tratamento de estrela não serão dádivas comuns ao nosso caminho.
A nossa Olimpíada está aí,confirmada pela
infinidade de barreiras a serem vencidas.As vitórias terão outro tom.Elas
serão afinadas com as marcas que conquistaremos ao confirmar a nossa luta.Os
reconhecimentos pelos nossos direitos serão o legado ideal,a herança de ouro.Por
ela devemos empreender o nosso suor.
Somos todos atletas no esporte da superação.Nossa
história não vai ser marcada pelo valor,a importância das medalhas que conquistaremos,mas pelas contribuições à causa que vamos conseguir deixar.
E cada esforço nosso,toda ação feita em nome
da inclusão da pessoa com deficiência vai ter um efeito multiplicador.
Somos 45 milhões de pessoas com
possibilidades,desejos e vontade para obtermos muitas vitórias.
Ao final da sua jornada,quando você se
perguntar sobre a sua contribuição dada à causa,em qual lugar do pódio você
gostaria de estar?
Precisamos é lutar todos juntos.
Pois,nesse esporte não contam tanto os
feitos individuais.Vale o quadro geral de medalhas, a capacidade que teremos
de construir aquilo que talvez seja o maior dos jogos: a consolidação da sonhada sociedade
inclusiva.
Sigamos juntos em busca desse objetivo.
Um abraço para todos,
André Nóbrega.
Lindo texto, perfeita analogia. Um dos mais coerentes que já sobre a importância da coletividade na nossa causa. Somos a minoria social do planeta e também, infelizmente, a mais diluída.
ResponderExcluirOlá, André! Obrigada por nos trazer vitórias e ao mesmo tempo, uma luta lotada de obstáculos à se ganhar! Beijos!
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