Existe uma literatura de almanaque. São
livros rasos a nos prometerem uma felicidade tão fácil quanto insuficiente. Pois
os caminhos propostos em tais manuais são receitas de bolo para melhorarmos, termos
uma existência mais rica.
Porque desconfio de quem condiciona a vida a
um pensamento comprado de autoajuda, daqueles que apregoam o pensamento
positivo como matéria única de um viver pleno.
E o que seria um viver pleno para nós?Não tenho a menor ideia. Carrego em meu DNA um ímpeto questionador, não aceito muito bem algumas psicologias de boteco. O valor dos livros sobre como melhorar, progredir e conquistar tudo o que almeja adotando 97 hábitos eficazes não me seduz.
Tenho um ceticismo profundo dos livros que
ensinam como influenciar as pessoas, namorar a Gisele Bündchen sem nem precisar
mudar o seu penteado, ou a sintonizar uma realidade zen por meio de uma
mentalização havaiana.Sinceramente,prefiro as sandálias havaianas.
Qual é a necessidade de se discutir se o copo
com água pela metade está mais cheio, ou menos vazio?Em tempos de zika vírus, água
parada é sinal de outra coisa, meus amigos. Dois raios não caem no mesmo lugar
duas vezes, mas eu já caí com a cadeira de rodas três consecutivas na mesma
rua.
É
certo que a fé remove montanhas, mas não conserta as pedras portuguesas a
atrapalharem a o meu caminho. E se Maomé, que era profeta, não vai até a montanha,
eu que não vou dar uma de aventureiro, e escalar o Cristo Redentor, por
exemplo.
Brincadeiras à parte, o fato de rejeitar esse
tipo de leitura não significa uma renúncia a outros aconselhamentos. A palavra
de amigos, o conselho de pessoas por quem nutro admiração, vale e muito.A
poesia do Drummond,do Vinícius e do Pablo Neruda funcionam como mantras,para
várias situações .
Porém, nenhuma leitura substitui o valor da
experiência bem sucedida. E cada sucesso nosso abriga um mundo de tentativas, erros
,fracassos e frustrações.
Ser deficiente físico no Brasil é navegar em um mar de impossibilidades. Contudo, a mesma maré que nos obriga a manter uma
conduta vigilante também nos abençoa com a realidade de outras praias, capazes
de nos transmitirem sensações paradisíacas .
Rejeito a validade desses manuais rasos. Acho
adocicada a maneira deles de abordarem a resolução dos problemas. Primeiro
porque é difícil precisar uma natureza comum das tristezas, achar um
denominador X presente a todo tipo de situação a nos afligir. E achar que tudo
se resolva por fórmulas é uma situação compatível com a matemática, não com a
trajetória humana.
A fórmula da felicidade não está completa. Ela
é percorrida, construída por cada um de nós a cada dia. Nem tudo depende da
vontade pura e simples. Para além da motivação, a vontade de sermos pessoas
melhores,mais produtivas,existe um diferencial:um mínimo de justiça nas
oportunidades que nos são oferecidas.
Sejamos
os construtores da mais alta ajuda, e vamos validar cada vez mais os nossos
esforços na luta pelos direitos da pessoa com deficiência.
Um
abraço para todos!
André
Nóbrega.
André querido! Gosto muito de você. Realmente, não há fórmulas para a felicidade, cada um tem um caminho a percorrer e a sua forma de encontrar seu próprio equilíbrio e maneira de viver e enxergar os acontecimentos da vida. Mas é legal saber de experiências de outras pessoas... às vezes, a autoajuda ajuda mesmo, mas nunca vai fazer diferença sozinha... é verdade que muitas publicações de autoajuda são claramente comerciais e feitas para chamar a atenção das almas perdidas e em dúvidas na vida... mas algumas leituras, muitas vezes, ajudam a enxergar alguns acontecimentos por uma outra perspectiva... e, às vezes, realmente ajudam. De fato, ficar pensando positivo o tempo todo a ponto de negar a realidade da vida não é aconselhável... acredito MUITO em ser pés no chão, mas NUNCA deixar de acreditar no que queremos fazer. Você é dessas pessoas que fazem a diferença. A humanidade tem muito o que evoluir e o assunto acessibilidade será muito mais importante em um breve futuro, você também está aqui para fazer essa diferença. Temos que pensar no macro mesmo... estamos evoluindo, de alguma forma... mesmo que meio torta, mas acredito nisso. Vamos que vamos! Fé em Deus e pé na tábua! Beijo grande :)
ResponderExcluirParabéns! Para quem tem experiência de vida e se arisca nas dificuldade, livro é cultura e não fórmula de sobrevivência 👏👏👏👏👏👏👏
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