O éden da inclusão ascende na intenção expansiva, germina através dos sonhos, nas ações de todos os militantes, divulgadores
da causa. Mais ou menos, em que consistiria isso? Como configurar com a
realidade terrestre um plano de integração possível, mais rápido e adequado para as
nossas demandas?
Este
caldeirão opaco, vazio pela falta de uma política pública nacional consistente,
poderia dar um caldo bem melhor. Não salgar tanto pela omissão, nem apimentar o
cotidiano com promessas. Apenas pelo acréscimo de um certo tempero, teríamos o ganho essencial para a nossa vida.
Não
menciono aqui o aspecto determinante, justaposto devido a conformidade dos dispositivos
legais. Nem de adaptações nos transportes, ou dos incentivos realizados com
outro intuito: o de nos incluir profissionalmente.
É
uma questão simples para uns, oculta, indisponível, para a natureza de outros.
Falo da empatia, gente. Desse totem, dessa joia forte, densa o suficiente para
nos disponibilizar ferramentas transformadoras.
Certa
ordem de tesouros exige dos potenciais desbravadores prática, além do talento bruto e nato. Qual a sua muleta
usada, para quando olha para um mendigo na rua? No lugar onde deveria habitar
uma pessoa, você vê uma paisagem? O inferno são os outros mesmo, conforme
Sartre prenunciou?
Sinto
mais afeto do que estranheza, quando saio pelas ruas. A solidariedade assume os
rostos, os contornos mais inusitados e diferentes. Fica como essência, como
princípio, uma constatação transformadora: minha vida melhorou, por que além de me desviar dos buracos, busco o olhar das pessoas.
Conseguiremos
despertar tamanho impacto, este súbito arroubo de humanidade, na vida de
estranhos? Sim, pois entre familiares, amigos e pares, o conteúdo chega, bem
definido. E junto aos desconhecidos?
Resolvi
testar a acessibilidade atitudinal, durante o pré-carnaval ,saindo sozinho, por
dois meses. A regra era colocar o riso acima dos obstáculos, ter com o brinde
uma espécie de pacto. Obter diálogo, contato forte o suficiente com a galera
animada, das festas.
E
assim foi feito.
Transpor
a receptividade de tais momentos para o dia dia...Bem, algo complexo...
É
preciso manter a cabeça erguida, o corpo atento na hora de passarmos pelas
avenidas . Especialmente, com peito aberto, o coração generoso...A vida
continua sendo a arte dos encontros.
Quando
expandimos a nossa rede de afetos, com gente ainda sem iniciação com o tema,
exercemos uma pedagogia informal. Não menos influente.
Neste
carnaval, ao balançarmos com as nossas rodas, pelas ruas, não estaremos
paquerando, somente.
Acima de tudo, ocorrerá uma bem vinda e descompromissada reeducação sentimental !
Um
abraço para todos.
André
Nóbrega.
Belo texto!!Muito bem escrito! Parabens!!
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