É sabido, de comum e plural registro
o ditado a dizer, de forma categórica e simples: ‘’Existem algumas causas que
você escolhe. Outras, que a vida escolhe por você’’.
Tendo a discordar da sentença um
pouco. Ninguém tem como meta, objetivo de vida inicial, primário, o de ser
militante da inclusão. Por razões claras, um tanto quanto óbvias. Ninguém
anseia, deseja, se tornar uma pessoa com deficiência.
Mesmo aos já nascidos com alguma
lesão, o fato de portar ou não a bandeira, sedimentar-se, como instrumento da
causa, atende a uma série de variantes expressivas.
Tem
a ver com vontade, condições de engajamento, oferecidas pelo meio onde o
indivíduo habita. Além do lastro educacional, capaz de oferecer-lhe a devida
condição crítica, histórica, para a contribuição expressiva nos esforços pela
inclusão.
Outro
fator bastante relevante: muitas vezes as implicações, cuidados com os quais
alguém precisa enfrentar, de antemão impedem, paralisam a adesão espontânea,
natural para a causa.
Portanto,
ao contrário do raciocínio apregoado pela premissa colocada acima( causas que a
vida escolhe por você), não obedece a
uma lógica tão primária, consequente. Nem se traduz por uma ideia de acaso, um aspecto
de mera, insuspeita fatalidade. Luta pela inclusão não só quem padece, sofre os
efeitos de andar sempre suprimido, enjaulado por questões desfavoráveis, nos
quesitos mais básicos.
Temos como aliados uma corrente invencível,
valiosa ao extremo. Ouso dizer: para tal classe, sorte de lutadoras, pesa muita
mais o apoio, o incentivo dado, do que a maioria das ações feitas,
empreendidas, pelo Estado, o governo,
quando defrontados pela questão.
Podem
não ser muitas, é verdade, mas são sólidas, boas o suficiente para germinarem
no infecundo solo do preconceito, sementes de perseverante e incalculável alcance.
Mas
o que o faz o jeito, o ritmo da luta das mães dos pcd´s ser tão especial?
É
uma forma de abraçar as dificuldades, enxergar os problemas comuns a causa, sem
perderem de vista uma solução compatível com o afeto. E isso ocorre pelo amor ,
o sentimento fixado pelo filho, e de forma generosa, compartilhada para a
totalidade da luta.
Não
se trata de eventualidade, pode chamar de reflexo, espelho na forma de um amor
comum, bem mais característica ao universo da mulher.
Quando
vejo um motorista ‘’normal’’, no auge da plenitude física e arrogância cívica
parar numa vaga reservada, não penso duas vezes. Vou falar com ele. O diferencial
nestes casos é o tom, a maneira, como irei fazer tal abordagem. Ser firme, sem resquício
maior de raiva.
Ainda me encontro longe de atingir esse estado.
Muito das mães militantes, protagonistas na inclusão, acessibilidade da pessoa
com deficiência me mostram ser possível, provável chegar a esse nível. De
alcançar esse grau de evolução.
Lute
como uma garota. Aja, se possível, com a firmeza, a obstinação delicada e
persuasiva dessas mães.
Dedico
a coluna a Berenice Barcelos da Nóbrega, para todas aquelas mães que me ensinam
a ser alguém melhor. Mais afiado para reivindicar , bem mais pleno, integrado e
participativo, para todo o viver.
Um
abraço para todos!
André Nóbrega
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar esta postagem.