Ao longo dos tempos já obtivemos
várias classificações, com termos que quando hoje analisados,pareceriam absurdos.Tudo aquilo cujo entendimento foge da denominação padrão,infelizmente,necessitará disso.
Rotular é preciso,integrar não é pré-requisito.
É como se uma nomenclatura bem empregada, uma sigla de fácil assimilação pudesse facilitar a quem não possui uma deficiência um entendimento, uma explicação mínima e rasteira do que passamos.
Rotular é preciso,integrar não é pré-requisito.
É como se uma nomenclatura bem empregada, uma sigla de fácil assimilação pudesse facilitar a quem não possui uma deficiência um entendimento, uma explicação mínima e rasteira do que passamos.
Aleijado,defeituoso,incapacitado
são palavras estrangeiras ao meu cotidiano.Elas em nada traduzem o esforço que
efetuo para estudar,trabalhar,e manter com a vida um forte diálogo de
participação.
Difícil acreditar que até pouco
tempo atrás tais distinções eram empregadas.Pois, acreditem,até a década de
80,essas eram maneiras comuns.E ainda pior,elas faziam parte do vocabulário empregado para nos
identificarem.
Em 1981,houve o Ano Internacional das Pessoas Deficientes,proclamado
pelas Nações Unidas. A ação clamou a atenção do mundo para a desigualdade de
oportunidades as quais éramos submetidos,visou enaltecer o papel da reabilitação,e o da prevenção de deficiências.
Devido às repercussões trazidas
pela empreitada, o uso da expressão ‘’pessoa deficiente’’ começou a ser usado
pela primeira vez. E, assim,foi disseminada,de forma recorrente,a nova alcunha.
O termo ‘’pessoa deficiente’’ passou a ser empregado por inúmeros veículos de informação,
e ONG´S,entidades políticas compromissadas na luta por nossa inclusão.
Marco definitivo foi o trazido
pela Constituição Federal de 1988, ao intitular a expressão ‘‘pessoas
portadoras de deficiência” uma chancela oficial. A iniciativa tinha como
objetivo identificar a deficiência como um detalhe da pessoa.Tal expressão
passou a encampar todas as leis criadas,as políticas definidas para nos
favorecerem.
Enfim,em 2006,a expressão ‘’pessoa com deficiência’’ foi consagrada
pela Convenção sobre os Direitos da Deficiência, da Organização das Nações Unidas
(ONU). É com certeza uma maneira de se referir a gente muito mais digna,justa
do que nos pautar como inválidos,por exemplo.
Ainda assim,eu teimo,implico com
essa determinação imposta. Acho-a adequada para exigir melhoras ,forte quando
precisamos requerer e consagrar direitos.
A sigla pcd é perfeita para constar em manuais sobre normas de
acessibilidade, documentos oficiais e decretos leis.No entanto,considero a
expressão ‘’pessoa com deficiência’’ um monumento à impessoalidade.
Temos sim um direito a singularidade, uma vocação de nos expressarmos
como sujeitos autônomos, com vontades próprias.
Perdemos uma grande chance de sermos reconhecidos pelas nossas qualidades,por aquilo que ressoa quando aceitamos essa determinação sem questioná-la.
São muitas as partes a nos
constituírem.Quantos talentos,capacidades nossas ficam enterradas,deixam de
virem à tona quando aceitamos ser reconhecidos por uma expressão que ainda nos
desqualifica?
Ao invés de pessoa com deficiência, por favor, me chamem de André.
Um abraço para todos,
André Nóbrega.
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