Acontece com frequência,a seguir uma regularidade um tanto quanto
incômoda.Falo do hábito de amigos e amigas de longa data,que nas redes sociais me marcam somente para fixar posts sobre um tema.São sempre pautas ligadas à acessibilidade.
É compreensível
existir a conexão.Afinal,já não é de hoje que venho exercendo uma militância na
área.Pelo menos, naquilo que pode ser chamado da conscientização virtual a favor da causa.Dia após dia,utilizo a internet como fonte para divulgar notícias pertinentes ao tópico,assuntos trazidos à tona com o intuito de prestar
informação sobre o universo inclusivo.
Portanto,é natural
ocorrer esse efeito de lembrança,suscitado por um contato virtual meu
recente,vindo de algum conhecido com quem tenha pouca intimidade,reduzido
convívio social estabelecido.
Chato mesmo é
receber de pessoas com quem tenha estima certa
ordem de marcações no meu facebook.São os famosos
recados em minha time line,para me mostrar reportagens,artigos sobre a inclusão.
Através de
palavras zelosas,sou marcado mais ou menos assim: ‘’André, já viu a matéria
sobre fulano?Também é guerreiro,cara,que nem você’’.Tem também a clássica
mensagem:’’Lembrei de você quando li essa matéria,Dé”.
Fico decepcionado
com isso.Pois,para um grupo considerável de afetos, parece que a deficiência
passou a ser a única força,o único tema da minha vida.Virei um cantor condenado
a repetir uma música só,regido pelo mesmo ritmo,sem grandes variações.
Tão difícil contar para
eles que o andador é um utensílio,muito mais um objeto usado para me locomover.Não é a cruz capaz de luzir uma dificuldade física minha.
E as lembranças dos
outros tempos,de quando não existia a roda de nenhuma cadeira, passaram a não
ter importância?
Ao invés de ser marcado
em reportagens sobre deficiências,eu quero ser convidado para festas,churrascos e farras.
Talvez,surja a
necessidade de eu criar outras vivências com essa galera boa.Com certeza,todos querem o melhor para mim.Por algum motivo eles estão asfixiados,presos a uma percepção míope da
deficiência.
O afago é pedagógico,conscientizar pelo abraço,não pela denúncia,a revolta,talvez seja uma virtude recente.
Vai chegar o dia em que eles vão mencionar sobre a minha adoração à poesia do Vinícius, sobre como adoro contar piadas infames e conseguir ser um legítimo boêmio calibrado por coca-cola.
O afago é pedagógico,conscientizar pelo abraço,não pela denúncia,a revolta,talvez seja uma virtude recente.
Vai chegar o dia em que eles vão mencionar sobre a minha adoração à poesia do Vinícius, sobre como adoro contar piadas infames e conseguir ser um legítimo boêmio calibrado por coca-cola.
Além da militância, que
tal lembrar outros aspectos nossos?Vamos variar o discurso,
e falar de outras qualidades que temos.
Por que não falar um
pouco sobre a cor dos meus olhos, por exemplo?Só para mudar a letra?
Um abraço para todos,
André Nóbrega.
Aplausos Nóbrega!
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