O revelador perfil escrito pelo
jornalistas Bruno Doro e Wanderley Lima, publicado pelo portal UOL, traz à tona
a impressionante, calamitosa história de João do pulo.
A leitura do texto
mostra-se oportuna, indispensável, não somente pelo registro feito, com
inabalável precisão, detalhamento dos fatos ocorridos, durante a trajetória de
João do Pulo. E João foi muitos, em vida.
Natural para um jovem negro, vindo
da periferia, precisar enfrentar manifestações de racismo, para poder se
consolidar em sua carreira. Não foi diferente com o atleta, quando, aos
dezoito anos, passou a treinar pelo tradicional clube Pinheiros, em São Paulo.
Dentre todos os feitos desportivos
relevantes, amplo destaque para o recorde mundial no salto triplo, atingido
durante a Pan-americano do México, em 1976, que perdurou durante dez anos no atletismo.
Acima de tudo, necessário elencar as medalhas de bronze, conseguidas nas
Olimpíadas de Montreal, em 1976, e na de Moscou, em 1980.
Contudo, João do Pulo acabou sendo personagem,
figura conduzida, pelos infortúnios, desagravos comuns, presentes às grandes
tragédias épicas, gregas. Referente aos semideuses, cuja força, audácia, acabam
por despertar a ira de Zeus.
Em 1981, aos 27 anos, ocorreu o acontecimento
decisivo, fundamental para a triste, inevitável mudança de patamar, na vida de João.
Na manhã do dia 21 de dezembro ele teve o seu Passat colidido por um carro
desgovernado, que ao invadir a pista por onde o carro de João seguia viagem,
acabou por produzir um grave acidente automobilístico. Em decorrência disso, o
principal atleta olímpico brasileiro de então, sofreu graves ferimentos na
perna direita. Mesmo com todos os esforços médicos empreendidos, somados a fim
de alavancarem uma recuperação clínica, não houve como impedir o amargo
desenlace: a perna machucada do nosso campeão foi amputada.
A partir daí, a vida, o rumo de João do Pulo degringolou. Emergiu um inevitável quadro depressivo, intensificado por
seguidos flertes, contatos com o alcoolismo. Tempos depois, em
1986,ocorre,inicia uma tentativa de reinvenção, através da política. A eleição
como Deputado Estadual consagra tal intento. A consequente reeleição, poderia
sinalizar o início de uma liderança singular, de uma voz combativa, resiliente.
Na luta, em favor dos direitos das pessoas com deficiência.
No
entanto, essa perspectiva, contraria um item, o valor essencial, da essência
desse personagem magnífico, um autêntico herói brasileiro. João do Pulo foi um
desportista consagrado, um atleta gigante, fenomenal, cujo azar, dentre os já
relatados aqui, foi ter nascido na época errada.
E
por que é incorrido, exaltado tal raciocínio? Simples: pois não foi dada a João
uma segunda chance. Isso, poderia ser conseguido, alcançado, caso existisse no
país, no mundo, a cultura, com a prática das modalidades paraolímpicas.
O
falecimento de João ocorreu em 1999.Bem antes da consagração, o reconhecimentos
de atletas paraolímpicos, no cenário paradesportivo nacional. Em situações,
biografias, como as observadas com Daniel de Faria Dias,Clodoaldo Francisco da Silva e Àdria Santos.
Imagino,
desenho uma hipótese, que de tão aviltante, chega a ser redentora: João Carlos de
Oliveira, sendo ovacionado, em pleno Maracanã, na abertura dos jogos
Paraolímpicos de 2016,no Rio. O mundo, a pátria mãe de João do Pulo
emocionada, agradecida, pelos reconhecidos feitos pelo atleta, em seu maior
salto: a inegável colaboração para o sucesso, efetivação, do esporte
paraolímpico, no Brasil.
Acordo
com a notícia da TV, a me atualizar sobre o número das vítimas, em Brumadinho.
Quantos
gigantes, figuras do alcance de um João do Pulo, nós ainda teimaremos em
atacar, comprimir pela lama da memória?
Um abraço para todos,
André Nóbrega.
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