07 abril 2019

O plano da ANCINE




         Felizes as memórias construídas, a partir do efeito, da emoção própria, única, vinda das salas de cinema.
         Poder elencar em seu glossário existencial , junto com uma lista de filmes inesquecíveis, um anexo de experiências determinantes.
Já sem o protagonismo de outrora, de arte, patrimônio fundamental do século XX , a sétima arte resiste, nos encanta. É uma fidelidade, em meio ao deserto da vida, ser contagiado por uma história, num oásis oferecido por aquela tela gigante.
Quem pode negar o efeito, o impacto proporcionado pela exibição dos grandes filmes em nosso caminhar, como admirador incontido, inveterado, sensível a essa manifestação artística?
Os cegos, as pessoas com baixa visão, os surdos. Não bastasse a exclusão, no sentido prático, cotidiano, ao qual uma pessoa com deficiência se defronta, há este agravante, de grave incisão na vida, na realidade de quem possui tais características.
Por que a falta de acesso às salas de cinema, museus é uma negação ao sonho. Ao poder essencial de germinamos saberes, diante das experiências acumuladas. Depois de apreciarmos grandes obras, obtemos um escape lúdico, enquanto nos mantemos acesos, vivos, em nossa trajetória.
O acesso universal às salas de cinemas , portanto, possui uma conotação comum, presente ao de um Direito Fundamental, na Constituição Federal de 1988.
 Não por acaso, está elencado, com amplo e merecido destaque na Lei Brasileira de Inclusão. A nossa maior conquista jurídica, em seu Título II-Capítulo IX- fala sobre o’’ direito da pessoa com deficiência à cultura, ao esporte, ao turismo, ao lazer, em igualdade de oportunidades com as demais’’.
Soa quase como ficção, escrita criada a partir de situações estabelecidas em mundo paralelo, fora do Brasil padrão, a parte do país conhecida, preocupada em não nos dar protagonismo. Nem a justa viabilidade.
A ANCINE(Agência Nacional de Cinema) divulgou um cronograma, com o intuito de estabelecer acessibilidade, em mais de 3.200 salas de cinema no país.
Aos poucos, pretende-se adaptar os equipamentos culturais das salas de exibição, para enfim ocorrer o ingresso, a assimilação dos conteúdos audiovisuais.
Será edificante presenciar o êxtase, o gozo refletido no corpo de quem sequer é considerado, levado em conta, pela exibição, o circuito de filmes comerciais. E em sessões permanentes .
Pelo plano de difusão ambicionado pela ANCINE, a partir de 1º de janeiro de 2020, 100% dos filmes deverão ser exibidos com opção de acessibilidade em Libras, audiodescrição, ou legendas descritivas.
Muita torcida, uma enormidade de cautela, pelo cumprimento, a assunção definitiva de um pleito tão ambicioso .
Com as palmas, o peito pronto para ser arrebatado, caso a ideia ganhe corpo, espaço e significados.
Vamos torcer.
Um abraço para todos,
André Nóbrega.




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