06 junho 2013

Paralisia cerebral de filho leva mãe às ruas por R$ 6 mil para cadeira de roda.

UNS PEDEM ESMOLAS OUTROS PEDEM AJUDAS E VOCÊ, O QUE FAZ ?





Menino precisa também de andador e de uma órtese para a mão direita.

Kauan Margutti mora em São Carlos e sofre com o problema há 4 anos.

Fabio RodriguesDo G1 São Carlos e Araraquara
Pamela Trevisan Margutti faz campanha nos semáforos da cidade (Foto: Fabio Rodrigues/G1)Pamela Trevisan Margutti faz campanha nos semáforos da região central cidade (Foto: Fabio Rodrigues/G1)
Mais uma mãe de São Carlos (SP) recorre às ruas da cidade para pedir ajuda devido a um problema de saúde do filho. Desta vez, a operadora de caixa Pamela Trevisan Margutti realiza uma campanha nos semáforos com o objetivo de arrecadar R$ 6 mil para comprar três equipamentos para Kauan de Jesus Margutti Santana, de 4 anos, que sofre de paralisia cerebral desde o nascimento. O menino precisa de uma cadeira de rodas, um andador e uma órtese para a mão direita. A ação de Pamela lembra a de outras duas mães que fizeram o mesmo no município em busca de recursos.

Pamela, que iniciou o movimento por meio das redes sociais, conta com a ajuda de familiares e amigos da loja de calçados em que trabalha para atuar no pedágio solidário. Na noite de quarta-feira (5), eles arrecadaram R$ 1,1 mil. Na terça-feira (4), a ação rendeu R$ 1 mil e na segunda (3), quando começaram, conseguiram R$ 900. “Com fé em Deus a gente vai conseguir. A população sãocarlense é solícita e ajuda muito”, disse a mãe ao G1.

Segundo ela, o problema do filho se deve a complicações durante o parto, realizado em abril de 2009 na cidade. A criança teve dificuldades para nascer e precisou ser retirada com um fórceps.
Kauan, de 4 anos (Foto: Pamela Trevisan Margutti/Arquivo pessoal )Kauan, de 4 anos, é o único filho de Pamela e Paulo
(Foto: Pamela Trevisan Margutti/Arquivo pessoal )
“Não quiseram fazer cesárea, disseram que não havia necessidade porque eu tinha dilatação normal. Kauan não reagia e, após ser reanimado, começou a chorar sem parar. Ele ficou mais de 15 dias entubado na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e lá diagnosticaram que ele estava com clavícula quebrada”, lembrou a mãe.

Após ter alta, o menino foi acompanhado por pediatras de São Carlos, mas os pais perceberam que a criança fazia um movimento involuntário nos olhos. Ao consultarem um neurologista, descobriram que o filho tinha paralisia cerebral. Desde então, Kauan faz tratamento com um pediatra ortopedista de Bauru (SP). Apesar da situação, a mãe disse que o esforço compensa. “Ele é muito alegre, contente com tudo, é difícil estar de cara feia. É filho único e o xodó em casa”.

Gastos
Moradora da Vila Prado, Pamela disse que faz o que pode para manter o bem-estar do filho, mas não é fácil. Com uma renda mensal de R$ 980, ela gasta cerca de R$ 600 com a criança. Kauan toma medicação controlada devido às leves convulsões. Ele também utiliza muitas fraldas e realiza a cada seis meses, em média, aplicações de botox nas pernas para impedir o atrofiamento dos músculos.

“O plano de saúde cobre essa aplicações, mas não as consultas e cada vez que precisa é mais R$ 450. Ainda há gastos com gasolina e pedágios no deslocamento até Bauru”, relatou a mãe, que conta com a ajuda do marido para cuidar do filho. Operador de máquinas, Paulo Daniel Moraes precisou deixar o emprego para dar uma atenção especial à criança.

De acordo com os pais, o andador facilitará para que as aplicações de botox tenham um melhor efeito. “Ele precisa ficar ao menos umas três horas em pé e a cadeira é para carregarmos ele, porque já não estamos aguentando o peso no braço. Vai ajudar muito na locomoção”, declarou Pamela.
Familiares e amigos realizam o pedágio solidários nos semaforos da região central (Foto: Fabio Rodrigues/G1)Familiares e amigos realizam o pedágio solidários na região central da cidade (Foto: Fabio Rodrigues/G1)


Outros casos
Em fevereiro deste ano, a família da aposentada Maria Beatriz Mecca também foi às ruas em busca de recursos para trazer de volta ao Brasil o professor de educação física Renato Mecca, de 33 anos, que ficou quase um mês internado em um hospital de Cingapura após sofrer um acidente de moto na Indonésia.

O custo para a transferência da Ásia para o Brasil era de  R$ 270 mil, o equivalente a US$ 170 mil de Cingapura. O valor da diária na UTI era de US$ 2 mil (cerca de R$ 3 mil). As despesas da passagem no valor de R$ 119 mil foram pagas pelo governo brasileiro. Com o dinheiro arrecadado na campanha, cerca de R$ 110 mil, o professor retornou ao país e segue internado no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP).
Em setembro do ano passado, Gislaine Clara Boni iniciou uma campanha para conseguir R$ 120 mil de uma operação para a filha. A menina Caliane Boni Roque da Silva, na época com 10 anos, não conseguia se alimentar pela boca desde que nasceu, somente com o uso de duas bombas infusoras.

Gislaine arrecadou cerca de R$ 50 mil e uma liminar na Justiça obrigou o plano de saúde a custear o tratamento. O dinheiro da campanha continua em uma conta para ser usado em operações plásticas. Após 12 procedimentos cirúrgicos em 11 anos e oito meses de internação no Hospital Sírio Libanês, na capital paulista, Caliane comeu sem a ajuda de sonda pela primeira vez e pôde voltar para casa.

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