29 abril 2015

Acessibilidade lenta como a conexão de uma internet ruim




   

  As facilidades conquistadas pela disseminação da tecnologia são conhecidas. Ninguém questiona a eficácia da internet como meio difusor de informações. Com o uso cada vez mais corrente das chamadas tecnologias móveis, cresce também uma preocupação do mercado. Finalmente, tem se verificado uma necessidade de se universalizar a demanda de serviços. Alguns gigantes do mercado dos Smartphones, por exemplo, começam a enxergar o potencial das pessoas com deficiência como um importante nicho de mercado.

   Bom, de acordo com a lógica a vigorar na ótica capitalista, para um produto vender, ele precisa atender as exigências do público a que ele for destinado. Portanto, para um Smartphone se tornar um item referencial na vida de uma pessoa com deficiência nos membros superiores, o aparato tecnológico precisa estar previamente condicionado, adaptado às necessidades desse consumidor.

   Atento a essa exigência primordial, a de atender com o devido cuidado, a obrigatória atenção que nós devemos ter como cidadãos que também formam um mercado consumidor, a Samsumg vem desenvolvendo um aplicativo, chamado de DOWELL .

   O DOWELL é uma interface que fornece acessos para as funções do celular. Uma vez tendo sido instalado, os usuários conectados a esse serviço poderão, através da porta USB, controlar funções do celular. O programa funciona como uma plataforma de integração entre alguns programas bem específicos já existentes. Se foram criados mouses a enviarem comandos pela cabeça, agora começa a ser viabilizada uma maneira de se operacionalizar tais inventos. A integração, o acesso à tecnologia, com isso, vai se expandir,
 .
  Enquanto o aplicativo não é colocado em prática, nós podemos tirar algumas conclusões. Existem indícios de reconhecimento da nossa luta. Aos poucos, está mudando a percepção da sociedade com relação às nossas demandas.

  As reivindicações atentas aos nossos pedidos seguem um caminho contínuo , mas vagaroso . A velocidade das mudanças geralmente não acompanha a necessidade das nossas solicitações. Pelo texto da lei, o empenho legislativo de figuras como a Deputada Federal Mara Gabrilli e o Senador Romário Faria, a Lei Brasileira de Inclusão será um marco da nossa vida civil. Até os efeitos desse estatuto serem consolidados na nossa vida cotidiana , demorará um tempo, é claro.

   Passados mais de 24 anos da efetivação da Lei de Cotas ainda são discutidas maneiras de como melhorá-la. Vários ajustes, reformas capazes de aperfeiçoar a Lei de Cotas são propostas. No entanto, a validade dessa iniciativa é positiva, por permitir um diálogo da pessoa com deficiência com o mercado profissional.

  Mesmo com todos os revezes que enfrentamos, as condições desiguais enfrentadas, existe a sinalização de um panorama sendo modelado. As mudanças ainda soam tímidas, insuficientes para satisfazer com o mínimo de presteza às nossas necessidades.

 De nada adianta, por exemplo saber da existência da internet se a conexão oferecida é ruim, lenta. A falta de acessibilidade é um desserviço contumaz, pior do que a exclusão digital no mundo contemporâneo. Vivemos castigados pelos dissabores da desigualdade. Isso cansa, enerva, desgasta a gente.  E atenção, Brasil, já passamos da casa dos mais 45 milhões de pessoas desde o CENSO de 2010.

  Porém, devagar, mas firme, vamos ganhando reconhecimento. Em algumas situações, seja por uma constatação do mercado ao nosso potencial consumidor, ou de ações políticas corajosas, advindas de reconhecidos bem feitores da causa .
 
  No entanto, não existe nada que lembre uma ação integrada do governo, a caracterizar a acessibilidade como pilar de uma sociedade mais plena e justa. Mesmo com o Rio de Janeiro sendo a futura sede dos Jogos Paralímpicos de 2016, a cidade não realiza nenhuma grande obra de infraestrutura capaz de melhorar a nossa acessibilidade.

  Ainda assim, creio na transformação.

  Um abraço para todos !


  André Nóbrega. 

25 abril 2015

A presidente do CEAPcD, Maria Gorete Cortez de Assis fez um alerta ao Ministro da Secretária Nacional dos Direitos Humanos Pepe Vargas com relação a politica nacional de educação.

Dia 24 de abril de 2015 a presidente do CEAPcD, ( Conselho Estadual para Assuntos das Pessoas com Deficiência de São Paulo ), Maria Gorete Cortez de Assis esteve em Brasília participando do planejamento do CONADE, ( Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência ), na ocasião também participou do evento o ministro da Secretária Nacional dos Direitos Humanos Pepe Vargas.
Como não podia deixar de ser a Gorete fez um alerta ao Ministro com relação a politica nacional de educação.
VEJA O VÍDEO

23 abril 2015

A taxa da insignificância


  Desde março deste ano, o shopping Downtown , localizado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, implementou uma regra . De acordo com o novo regimento, as vagas preferenciais, destinadas às pessoas com deficiência, não possuem mais direito à gratuidade. É isso mesmo.

  Ontem, quando estive lá, fui informado disso. Mesmo assim, a simpática mulher do estacionamento resolveu, talvez movida por um sentimento de penar, me ‘’ conceder’’ esse direito, aliviar a barra e não me cobrar nada. Mas que ficasse claro, aquilo valeu somente para ontem. De agora em diante, para cada ida ao shopping, teria agora de pagar pelas vagas especiais.

 Estranho, após sair do carro, era pensar nas indicações de vagas especiais, agora oficializadas a nos prestar um meio serviço. As demarcações visuais das nossas vagas, capazes de serem identificadas de longe, haviam virado o quê? Pelo menos, no Shopping Downtown , passaram a ser representações mentirosas , anúncios fantasiosos de um direito adquirido .Na prática , as vagas são violadas de forma sistemática.

  Por frequentar esse espaço há algum tempo, sei o quanto a administração lá faz pouco caso na fiscalização das nossas vagas. Com um selo falso colocado nos carros, a identificar um veículo condutor de uma pessoa com deficiência, qualquer um pode andar, fazer cambalhotas de alegria após achar uma vaga especial. Na hora do aperto, com o shopping cheio, a cidadania costuma ser atropelada pela malandragem.
  
  Pela lei,o Downtown não praticou nenhuma anomalia . A determinação da gratuidade em locais privados atende a uma vontade dos seus donos. A mudança de orientação ocorreu, a lógica comercial predominou, veio para ficar e nos classificar como mercado. Se fôssemos atendidos como consumidores, tivéssemos as nossas reivindicações atendidas, não haveria problema algum.
  
  O funcionamento básico do estacionamento, se cumprisse com o seu objetivo essencial de cobrir a demanda de vagas, seria o mínimo esperado dentro de uma esfera bem gerenciada. Mas não tem como não duvidar de um estacionamento onde há a imposição vagas especiais junto com a passividade de fiscalizações precárias.
   
  É como se comprássemos uma TV e ela não chegasse à nossa residência. Por mais que tenhamos em mãos a nota fiscal do produto, obtido as condições de pagá-lo corretamente, se não existir garantia na entrega daquele aparelho em nossa casa, existe algo de errado.  

  O mesmo ocorre quando alguma pessoa ocupa uma vaga nossa sem necessidade. Ou seja, quando a vaga especial é ocupada por alguém ‘’ normal’’, sentimos a mesma afronta de alguém que compra por algum produto e não o recebe.

  Ontem, sem receber nenhuma multa, recebi uma boa taxa de insignificância do shopping Downtown . Como se tivesse que pagar agora por um direito que não funciona. Mas, sigamos na luta.

Um abraço para todos!


André Nóbrega.

16 abril 2015

Pessoa com deficiência Gourmet 1# - Picanha no sal grosso

Vejam o primeiro vídeo do canal pessoa com deficiência da série Gourmet , nele o Wanderley prepara um assado incrível.

13 abril 2015

Todo cadeirante carrega uma enciclopédia dentro de si






   Quem pilota uma cadeira de rodas sabe como é. São muitas as estratégias, as maneiras como precisamos tornar a existência mais possível. Quando o viver é dificultado de forma constante, a resposta para tais situações acontece automaticamente. Porém, não vivemos somente para reagir frente a ameaça provocada por algum obstáculo .
   
   Existe um universo de histórias engraçadas, emocionantes contido na pessoa que conduz uma cadeira de rodas. Para começar , vale lembrar ao leitor andante uma coisa . Temos nome, signo, time de futebol como qualquer outra pessoa. Se fica difícil para você enxergar isso, nos perceber para além do objeto, do meio criado para facilitar a nossa locomoção, eu lamento muito  .
  
  Por favor, falem para as pessoas fugirem um pouco dos estereotípicos clássicos, a nos classificarem como coitados, ou exemplos de superação. Peçam aos outros por um pouco de originalidade, já que a tendência de julgar parece ser um sintoma na rotina de muitos. Pelo menos, vamos colaborar para que evitem cometer alguns lugares comuns .

  Assim sendo, quando alguém perguntar como ficamos assim, o que aconteceu para estarmos em uma cadeira de rodas, vamos contra atacar. Responda diferente à pessoa nova em sua vida, que teima em repetir essas velhas perguntas. De bate pronto, sem hesitação, fale que se trata de uma longa história, e não vale à pena comentar isso agora. 

  Depois, caso você esteja munido com outras intenções, indague você à interessada ouvinte se existe alguma boate maneira ali por perto. Levante o tópico da acessibilidade, ressalte algumas questões relevantes ao assunto. Para começar, que tal mencionar o conceito da balada inclusiva? Será que ela sabe o quanto a cadeira de rodas facilita na hora de dançar forró?
  
  A inclusão não depende só dos esforços feitos pelo governo. É um compromisso de todos, que pode ser efetivado com menos força e cara feia. Existe vida além dos buracos das ruas, conseguimos rir apesar de tantos desafios. Todo o cadeirante carrega dentro de si uma enciclopédia. São muitas vivências acumuladas, temos momentos intensos de drama e comédia, romance e suspense. Às vezes, tudo isso ocorre em um dia só, de uma maneira mais forte do que na rotina de outra pessoa .
    
  Por atravessarmos tantas coisas, nos defrontarmos com situações tão variadas quanto ricas, vamos consolidando um acervo íntimo diferenciado. Temos muitas histórias e lições para compartilharmos. Sem a obrigação de sermos exemplo para ninguém, apenas a constatação do quanto o caminho difícil nos condiciona a mantermos uma existência rica.

  Um abraço para todos,


  André Nóbrega.

08 abril 2015

CEAPcD - Conselho Estadual para Assuntos das Pessoas com Deficiência do estado de São Paulo na Reatech

Dia 09 de Abril começa a Reatech edição 2015 e o Conselho Estadual para Assuntos das Pessoas com Deficiência do estado de São Paulo vai ter um stand na rua 500 onde os visitantes poderão conhecer um pouco sobre o trabalho do primeiro conselho estadual do Brasil e bater um papo com alguns conselheiros que estarão por lá.
A presidente Maria Gorete Cortez de Assis ficará os quatro dias da feira atendendo os visitantes.

A falta de emprego é como uma ponte mal acabada

  A Lei de Cotas acaba de completar 24 anos. Nesse tempo de vigência, predomina um debate.  Hoje em dia, são discutidas as maneiras de como se pode aperfeiçoar algumas resoluções instituídas. São questionados os comportamentos, as práticas com as quais o mercado agiu para acatar as determinações exigidas pela lei criada .
  
  A rigor, a proposição da lei visa atender a uma proposta nobre. Desde a época da sua implementação, em 1991, se objetiva uma condição mais justa, humana, da pessoa com deficiência no mercado profissional. Porém, a maneira como as empresas, as entidades públicas encaram a questão sinaliza outro caminho.

 Tratemos de analisar um item da Lei. Aquela determinação, vinculada às empresas de médio e grande porte. Uma das resoluções mais relevantes dessa conquista nossa. E , por isso mesmo, precisa ser reavaliada. Existe a obrigatoriedade da empresa com mais de 100 funcionários contratar pelo menos uma pessoa com deficiência. O intuito desse recurso seria o de nos oferecer uma reserva de mercado.
  No entanto, estatísticas provenientes do Censo IBGE 2010 revelam um dado preocupante. Existe um abismo entre o número de vagas de emprego que nos é proposto, assegurado pela Lei e a realidade do mercado. Por isso, o número de contratações feitas atinge a 39% do potencial das vagas que a Lei de Cotas nos reserva. Ou seja, não conseguimos ocupar nem metade das vagas que deveriam estar asseguradas pela iniciativa .
   Passados mais de 20 de anos do surgimento da Lei , existe uma percepção de quanto aos ajustes a serem feitos. Prova disso vem da Reatech 2015, a maior Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, inclusão e acessibilidade da América Latina.

  A Reatech ocorrerá entre os dias 09 e 12 de abril, em São Paulo, e durante a sua realização ocorrerá V Fórum Lei de Cotas e Trabalho Decente.  Com o sugestivo tema ‘’O Desafio da Inclusão com Qualidade ;Reflexão sobre a prática’’, será debatido nesse fórum a importância de se promover uma mentalidade inclusiva .

   Porque é necessário formar uma cultura acerca da acessibilidade. Gerar informações capazes de promover esclarecimentos ao mercado empregador. Qualquer atividade profissional exige o cumprimento de alguns pré-requisitos. Nossa capacidade em cumprir a tais demandas fica comprometida pelas condições de integração social desfavoráveis. Além das conhecidas rampas, ruas, os asfaltos sempre a jogar contra, existem outras barreiras a serem vencidas.

  Um desses desafios talvez seja passar por um outro caminho. Ainda faltam condições mais justas para atravessarmos uma ponte mal acabada, cheia de buracos e desníveis. Para muitos de nós, conseguir reconhecimento profissional é uma tarefa ainda árdua, tal como andar sobre um campo minado. O combustível da falta de informação pode alimentar o estouro causado pela bomba do desemprego. 

 Poder pavimentar uma trajetória profissional, que mesmo árdua, nos complete .Conseguir atender aos requisitos de um mercado competitivo , vivendo em uma realidade pouco inclusiva .

  Portanto, teremos mais um desafio considerável pela frente. Não nos resta outro caminho a não ser o da luta .

Um abraço para todos,

André Nóbrega.




Postagens mais visitadas