Quem pilota uma cadeira de rodas sabe como é.
São muitas as estratégias, as maneiras como precisamos tornar a existência mais
possível. Quando o viver é dificultado de forma constante, a resposta para tais
situações acontece automaticamente. Porém, não vivemos somente para reagir
frente a ameaça provocada por algum obstáculo .
Existe
um universo de histórias engraçadas, emocionantes contido na pessoa que conduz
uma cadeira de rodas. Para começar , vale lembrar ao leitor andante uma coisa .
Temos nome, signo, time de futebol como qualquer outra pessoa. Se fica difícil
para você enxergar isso, nos perceber para além do objeto, do meio criado
para facilitar a nossa locomoção, eu lamento muito .
Por favor, falem para as pessoas fugirem um
pouco dos estereotípicos clássicos, a nos classificarem como coitados, ou
exemplos de superação. Peçam aos outros por um pouco de originalidade, já que a
tendência de julgar parece ser um sintoma na rotina de muitos. Pelo menos,
vamos colaborar para que evitem cometer alguns lugares comuns .
Assim sendo, quando alguém perguntar como
ficamos assim, o que aconteceu para estarmos em uma cadeira de rodas, vamos contra atacar. Responda
diferente à pessoa nova em sua vida, que teima em repetir essas velhas
perguntas. De bate pronto, sem hesitação, fale que se trata de uma longa história,
e não vale à pena comentar isso agora.
Depois, caso você esteja munido com outras intenções, indague você à interessada ouvinte se existe alguma boate maneira ali por perto. Levante o tópico da acessibilidade, ressalte algumas questões relevantes ao assunto. Para começar, que tal mencionar o conceito da balada inclusiva? Será que ela sabe o quanto a cadeira de rodas facilita na hora de dançar forró?
Depois, caso você esteja munido com outras intenções, indague você à interessada ouvinte se existe alguma boate maneira ali por perto. Levante o tópico da acessibilidade, ressalte algumas questões relevantes ao assunto. Para começar, que tal mencionar o conceito da balada inclusiva? Será que ela sabe o quanto a cadeira de rodas facilita na hora de dançar forró?
A inclusão não depende só dos esforços feitos pelo governo. É um compromisso de todos, que
pode ser efetivado com menos força e cara feia. Existe vida além dos buracos
das ruas, conseguimos rir apesar de tantos desafios. Todo o cadeirante
carrega dentro de si uma enciclopédia. São muitas vivências acumuladas, temos
momentos intensos de drama e comédia, romance e suspense. Às vezes, tudo isso
ocorre em um dia só, de uma maneira mais forte do que na rotina de outra pessoa
.
Por
atravessarmos tantas coisas, nos defrontarmos com situações tão variadas quanto
ricas, vamos consolidando um acervo íntimo diferenciado. Temos muitas histórias
e lições para compartilharmos. Sem a obrigação de sermos exemplo para ninguém,
apenas a constatação do quanto o caminho difícil nos condiciona a mantermos uma
existência rica.
Um abraço para todos,
André Nóbrega.
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