28 agosto 2016

Paralímpiada,sua linda,você já renovou o meu flerte com a salvação da humanidade.

 Amigos e amigas,chegou a 900 mil o número de ingressos vendidos para Paralímpiada. Isso demonstra uma reação extraordinária, um movimento de adesão à causa que muito deve nos orgulhar.

 Comecei a semana passada trafegado por uma neblina. Estava impactado com o noticiário, e o panorama justiçava o clima turvo, a perspectiva nublada.

 Como ficar feliz quando o que se reportava era uma venda irrisória, um montante ridículo em face do total de ingressos disponibilizados?

 O sol começou a raiar na terça-feira, pois à noite foi estabelecido um recorde. Somente naquele dia foram vendidos mais de 130 mil ingressos.

 Foi lindo constatar o efeito benéfico, multiplicador que as redes sociais aglutinaram à causa. De repente, amigos, amigas entre os meus contatos não só confirmavam a ida aos Jogos, como também passaram a endossar o coro para que mais pessoas comprassem ingressos.
  
 E aqui estamos nós, a aguardar o início da próxima semana, com a alma renovada. O perigo de fazer projeções é vincular aos números uma condição de miragem. Além de ser uma maneira imprecisa de querer mensurar o futuro, atende a uma forma um tanto quanto impessoal de relatar certos fatos.
  
  Na semana que passou, ao longo das manifestações de incentivo às Paralímpiadas,houve sim uma distribuição de esperança,em largas e cavalares doses.

 Estamos preparando o terreno para o Daniel Dias brilhar nas piscinas, a Terezinha Guilhermina romper como um raio a barreira dos recordes nas pistas.

  Seremos sempre campeões enquanto lutarmos por melhores condições de acessibilidade. Temos pela frente um desafio olímpico: fazer do Brasil um país mais inclusivo e justo.

  A semana que passou foi renovadora, em muitos aspectos.
  
 Conquanto que as barreiras, os empecilhos sejam entraves consideráveis para a nossa vida, o apoio, o reconhecimento aos nossos esforços têm vindo.
  
  Faltam 10 dias para a realização dos Jogos Paralímpicos do Rio.

 Vamos viver essa experiência certos de que começamos ganhando,por conseguimos impulsionar a venda de ingressos,e de forma espontânea, revertermos a conjuntura de um quadro desesperador.

  Ainda podemos mais, vários ingressos estão disponibilizados.A festa pode ficar melhor.

  Paralímpiada,sua linda,você já renovou o meu flerte com a salvação da humanidade.

  Vamos com tudo!!!

  Um abraço para todos.


  André Nóbrega.


21 agosto 2016

Querem apagar a chama dos Jogos Paralímpicos

  Predomina um clima de ressaca no Rio de Janeiro. Após o sucesso dos Jogos Olímpicos, a aceitação maciça dos cariocas, dos turistas que aqui estiveram, ninguém quer voltar para a vida cotidiana, atribulada da cidade.

 Isso é um péssimo sintoma para a nossa causa. Afinal, se o melhor da festa já passou,que espaço sobraria para a população brasileira viver, sentir a Paralimpíada?

 Sofremos dois baques, mesmo antes da realização do evento, que será realizado entre os dias 07 e 18 de setembro.

 O primeiro golpe surgiu quando circulou pela impressa, na semana passada, a colocar em xeque a realização dos jogos. A justiça brasileira resolveu proibir investimento público ou de estatais para a empreitada, até que o Comitê organizador divulgue os seus gastos.

 Desgraça pouca é bobagem. Porque um fato ruim pode ser acompanhado por outro,tão nocivo quanto o primeiro.De quebra,nós ficamos sabendo de outro dado aterrador: muitos atletas que nos representarão não haviam recebido o dinheiro, o repasse destinado a cobrir a quantia referente às suas passagens áreas.

 Na sexta-feira, dia 19 de agosto, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, confirmou o aporte financeiro de 250 milhões de reais, para o cumprimento da  Paralimpíada. Dele,também veio a frase nada animadora.

  Mesmo sem falar em números, Eduardo Paes foi taxativo: “Praticamente nenhum ingresso foi vendido’’. Segundo estimativas, o número de ingressos vendidos não chega a 10% do total dos que foram disponibilizados.

 Desde então, verifico uma movimentação nas redes sociais. Percebo amigos, entidades com respaldo na luta pela inclusão convocarem uma súbita adesão ao feito.

Pretende-se assim haver um incremento na compra das entradas para as modalidades, as inúmeras competições sem quórum,participação da nossa calorosa torcida.

 Mas como de repente chamar a mídia para o acontecimento que aqui ocorrerá?
  
 O apelo das redes sociais, o suplício para uma movimentação repentina para prestigiar a magnitude das Paralimpíadas, para mim tem outro significado. Soa como uma corrente de orações para salvar um paciente terminal, uma vaquinha feita para angariar fundos para uma pessoa a quem estimamos, mas que passa por uma situação de abandono, miséria e penúria.

 Horrível sermos tratados com tamanha desconsideração. Nossos paratletas terão um desempenho magnífico. Contudo, parece que boa parte da população brasileira não saberá disso.

  Não acompanhei nenhuma chamada feita em TV aberta, com o intuito de dar ênfase à participação dos nossos atletas. A TV Brasil vai passar os Jogos, o que é pouco para atingir o grande público. Ao que parece, a transmissão das provas da Paralimpíada não interessa aos grandes grupos de mídia daqui.
  
  Com isso, a importância da internet é multiplicada. Precisamos dar suporte, apoio para que os Jogos Paralímpicos não caiam no esquecimento, no hiato da programação definida pelos barões da nossa imprensa.

 Estaremos juntos dos nossos paratletas,com a incumbência de usar a rede para compartilhar link´s,informes diários sobre o nosso desempenho paraolímpico.

 Transmissão de provas feitas pela internet precisam ser divulgadas, por todos nós.Não vamos deixar que a chama dos Jogos Paralímpicos se apague.Nossa função como agentes da informação será crucial para se formar uma memória coletiva sobre os Jogos.É indispensável que ajudemos os nossos atletas,galera.

 Sigamos juntos na luta pela inclusão.

 Um abraço para todos,


 André Nóbrega.   


13 agosto 2016

A inclusão como forma de paternidade

   Plantar uma árvore,fazer um filho e escrever um livro.Seriam essas as aspirações de todo homem?Por tais critérios, posso falar,estou na contra mão das realizações eternizadas pela máxima.

  Embora tenha participado de uma coletânea de poemas,isso foi feito há muito tempo. Precisei usar um pseudônimo.Portanto,não vale como estreia na literatura.Como menino criado na cidade, o contato com o verde veio pela alface que sobrava do Big Mac.E,com exceção do carnaval de 98,sempre fui um cara precavido.Dificilmente haverá um filho meu espalhado pelo mundo.
  
   Os filhos que pretendo deixar,os melhores capítulos a serem escritos estarão conectados com a nossa causa.Para isso,procuro enternecer as mãos,afiar a alma para semear horizontes.

  Ser pai é uma tarefa ingrata.Os filhos se rebelam,traçam caminhos perigosos,com companhias nem sempre recomendadas,em circunstâncias inusitadas.E os erros não acontecem por falta de avisos.
  
   Erramos pela necessidade de construir uma pedagogia própria, calcada nas experiências acumuladas.Mesmo com o zelo,o aconselhamento paterno,não adianta.Tem alguns tipos de tombos que foram feitos para a gente.São obstáculos fantasiados de escadas, armadilhas feitas para fortalecerem a autonomia dos nossos passos.
  
  Ser militante, defensor da inclusão das pessoas com deficiência nos apresenta uma salada de emoções.De cara,precisamos cultivar os nossos desejos mais salutares.

  Porque os brotos da árvore da acessibilidade crescem desiguais no Brasil.Precisamos a cada dia florescer os princípios da igualdade,justeza de condições com severas doses de convicção.Além de uma generosa convivência com a paciência.

  Sou um marinheiro de primeira viagem,com pouca experiência.Creio no futuro da nossa luta.Quando olho para os ganhos por nós conquistados viro um pai coruja.

 O ano de 2016 tem sido transformador,pois vejo a Lei Brasileira de Inclusão,as Paraolimpíadas como os primeiros passos de uma infância confiante,viva e esperançosa.

 Virão outras fases,outras situações.Quero ser o melhor pai possível,fazer dessa ideia a prática constante do meu melhor.

 Mesmo quando desafiado pela incompreensão,quando a mensagem que eu queira passar estiver ausente da realidade do meu filho,hei de perseverar.A adolescência é assim mesmo.Os desafios da inclusão tendem a se complicar conforme nos debruçamos na luta.

 E munido por esse amor, essa vigilância permanente com tão querido fruto,pretendo acompanhar muitas conquistas.

 Dores de cabeça,frustrações virão aos montes.

 Mas,me diga,existe alguma família que não apresente isso?

 Sigamos juntos na luta.

 Um abraço para todos,

 André Nóbrega.



07 agosto 2016

Todo mundo tem uma Olimpíada na vida



   ‘’Todo mundo tem uma Olimpíada na vida. No final,cada um vai saber se os esforços que fazemos nos tornaram merecedores de ganhar uma medalha de ouro, de prata ou de bronze’’.

  A frase acima foi dita por Walter Casagrande Junior,antes da transmissão do jogo da seleção brasileira feminina de futebol contra a China.O ex-atacante com passagens pela seleção brasileira,eterno ídolo da fiel e um dos líderes da democracia corinthiana,é uma figura muito rica.
   
 Nutro grande simpatia pelo Casão,e não por seus feitos enquanto jogador.Romário,Bebeto e o Ronaldinho fenômeno estão entre os atacantes a quem reverencio.O que distingue o Casagrande é a sua humanidade.

  Somente alguém que superou a angústia,o inferno da dependência química,pode ter a coragem,iniciativa para reconhecer o seu caminho como um percurso de eterna reabilitação.

  É necessária uma humildade incomum,uma clara consciência das suas limitações e compromisso com a possibilidade de recomeçar para ter um posicionamento assim.

 Bom, se antes já admirava o Casa,depois de ouvi-lo dizer essa frase, passei a considerá-lo ainda mais.Porque eu adoro, venero quem diz sim nos contextos de não.
  
 Quem tem uma deficiência luta sempre por um pódio difícil de ser definido, anseia por uma medalha que não chega.Porque às vezes os nossos esforços parecem ficar em vão,o nosso suor não nos conduz a lugar algum.

 Todos os dias nós quebramos recordes invisíveis. Muitas vezes, o simples ato de ir para o trabalho,voltar para casa nos exige um fôlego de maratonista.

  Esse constante diálogo com as dificuldades,esse esforço cotidiano com os obstáculos não nos dá o status de um campeão olímpico.Ser perseverante,focado e ter disciplina para conseguir alcançar os nossos objetivos é um requisito obrigatório.Os patrocínios milionários com marcas esportivas,o tratamento de estrela não serão dádivas comuns ao nosso caminho.

  A nossa Olimpíada está aí,confirmada pela infinidade de barreiras a serem vencidas.As vitórias terão outro tom.Elas serão afinadas com as marcas que conquistaremos ao confirmar a nossa luta.Os reconhecimentos pelos nossos direitos serão o legado ideal,a herança de ouro.Por ela devemos empreender o nosso suor.

  Somos todos atletas no esporte da superação.Nossa história não vai ser marcada pelo valor,a importância das medalhas que conquistaremos,mas pelas contribuições à causa que vamos conseguir deixar.
  
  E cada esforço nosso,toda ação feita em nome da inclusão da pessoa com deficiência vai ter um efeito multiplicador.
  
 Somos 45 milhões de pessoas com possibilidades,desejos e vontade para obtermos muitas vitórias.

  Ao final da sua jornada,quando você se perguntar sobre a sua contribuição dada à causa,em qual lugar do pódio você gostaria de estar?
  
  Precisamos é lutar todos juntos.

 Pois,nesse esporte não contam tanto os feitos individuais.Vale o quadro geral de medalhas, a capacidade que teremos de construir aquilo que talvez seja o maior dos jogos: a consolidação da sonhada sociedade inclusiva.
  
 Sigamos juntos em busca desse objetivo.

  Um abraço para todos,

  André Nóbrega.


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