27 janeiro 2019

João do Pulo, atleta paraolímpico?!

  
 O revelador perfil escrito pelo jornalistas Bruno Doro e Wanderley Lima, publicado pelo portal UOL, traz à tona a impressionante, calamitosa história de João do pulo.
         A leitura do texto mostra-se oportuna, indispensável, não somente pelo registro feito, com inabalável precisão, detalhamento dos fatos ocorridos, durante a trajetória de João do Pulo. E João foi muitos, em vida.


         Natural para um jovem negro, vindo da periferia, precisar enfrentar manifestações de racismo, para poder se consolidar em sua carreira. Não foi diferente com o atleta, quando, aos dezoito anos, passou a treinar pelo tradicional clube Pinheiros, em São Paulo.


         Dentre todos os feitos desportivos relevantes, amplo destaque para o recorde mundial no salto triplo, atingido durante a Pan-americano do México, em 1976, que perdurou durante dez anos no atletismo. Acima de tudo, necessário elencar as medalhas de bronze, conseguidas nas Olimpíadas de Montreal, em 1976, e na de Moscou, em 1980.


 Contudo, João do Pulo acabou sendo personagem, figura conduzida, pelos infortúnios, desagravos comuns, presentes às grandes tragédias épicas, gregas. Referente aos semideuses, cuja força, audácia, acabam por despertar a ira de Zeus.


 Em 1981, aos 27 anos, ocorreu o acontecimento decisivo, fundamental para a triste, inevitável mudança de patamar, na vida de João. Na manhã do dia 21 de dezembro ele teve o seu Passat colidido por um carro desgovernado, que ao invadir a pista por onde o carro de João seguia viagem, acabou por produzir um grave acidente automobilístico. Em decorrência disso, o principal atleta olímpico brasileiro de então, sofreu graves ferimentos na perna direita. Mesmo com todos os esforços médicos empreendidos, somados a fim de alavancarem uma recuperação clínica, não houve como impedir o amargo desenlace: a perna machucada do nosso campeão foi amputada.


        A partir daí, a vida, o rumo de João do Pulo degringolou. Emergiu um inevitável quadro depressivo, intensificado por seguidos flertes, contatos com o alcoolismo. Tempos depois, em 1986,ocorre,inicia uma tentativa de reinvenção, através da política. A eleição como Deputado Estadual consagra tal intento. A consequente reeleição, poderia sinalizar o início de uma liderança singular, de uma voz combativa, resiliente. Na luta, em favor dos direitos das pessoas com deficiência.


 No entanto, essa perspectiva, contraria um item, o valor essencial, da essência desse personagem magnífico, um autêntico herói brasileiro. João do Pulo foi um desportista consagrado, um atleta gigante, fenomenal, cujo azar, dentre os já relatados aqui, foi ter nascido na época errada.


  E por que é incorrido, exaltado tal raciocínio? Simples: pois não foi dada a João uma segunda chance. Isso, poderia ser conseguido, alcançado, caso existisse no país, no mundo, a cultura, com a prática das modalidades paraolímpicas.


 O falecimento de João ocorreu em 1999.Bem antes da consagração, o reconhecimentos de atletas paraolímpicos, no cenário paradesportivo nacional. Em situações, biografias, como as observadas com Daniel de Faria Dias,Clodoaldo Francisco da Silva e Àdria Santos.


 Imagino, desenho uma hipótese, que de tão aviltante, chega a ser redentora: João Carlos de Oliveira, sendo ovacionado, em pleno Maracanã, na abertura dos jogos Paraolímpicos de 2016,no Rio. O mundo, a pátria mãe de João do Pulo emocionada, agradecida, pelos reconhecidos feitos pelo atleta, em seu maior salto: a inegável colaboração para o sucesso, efetivação, do esporte paraolímpico, no Brasil.


 Acordo com a notícia da TV, a me atualizar sobre o número das vítimas, em Brumadinho.


 Quantos gigantes, figuras do alcance de um João do Pulo, nós ainda teimaremos em atacar, comprimir pela lama da memória?

 Um abraço para todos,

André Nóbrega.




23 janeiro 2019

Companhia Pulsar, a mais bela, linda forma de se integrar



André Nóbrega

   A arte como ferramenta de inclusão, tendo na dança um norte,  um princípio mobilizador.Uma vez convidado a participar, você percebe, enxerga, expande as formas de expressão, enumeradas pelo seu corpo, com uma outra função.Novas demarcações, infinitas e bem vindas operacionalidades. 
   Desde setembro do ano passado, às segundas-feiras, no teatro Cacilda Becker, observo a materialização de vários milagres.A companhia de dança Pulsar, permite, disponibiliza aos alunos com deficiência uma prática de espelhamento.
  Somos colididos, de imediato, por uma essência reparadora.Forte senso de pertencimento,alinhavada, pela atmosfera de solidariedade,comuns às aulas.Bailarinos do improvável, acostumados ao tom pantanoso das impossibilidades, encontramos nas aulas uma janela.
   Pouco importa o tipo de deficiência.Acima de tudo, fica claro discernir, perceber, pelas aulas da Cia, que cada corpo é um dicionário.Tem uma métrica, um ritmo e uma escrita própria.A dança é o nosso idioma. 
  O trabalho desenvolvido pela coreógrafa, dançarina Teresa Taquechel, é uma bússola.Um guia vistoso de afirmação. A Cia Pulsar, no Rio de Janeiro, imprime uma acessibilidade redentora, por operar numa zona de acesso rara.
   Contraria os impedimentos físicos , os padrões, aceita a diferença e consagra as imperfeições.Somos todos dançarinos, avançamos, juntos, até poder sintonizar a mesma harmonia.
     Convido vocês a conhecerem este excelente, inovador trabalho.



Um abraço para todos.
A vida é bela, Deus é bom!


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