Vencedor da modalidade em São Paulo, Fernando Aranha impressiona rivais
“Não deu. O Aranha é fera. Ele é muito bom”. Foi assim que Ryan Augusto se conformou com a segunda colocação na prova para cadeirantes da Maratona de São Paulo, referindo-se ao grande campeão da categoria. Após 42 quilômetros percorridos pelas ruas da capital paulista, neste domingo, ele terminou a prova em 3h10m19s. Fernando Aranha, o campeão, completou o mesmo trajeto em 1h55m06s.
Aranha levanta o troféu conquistado na Maratona de São Paulo (Foto: Lucas Loos/Globoesporte.com)
- Nunca tinha feito este tempo. Minha melhor marca até então foi de 02h05m há dez anos. Esta melhora foi por conta dos meus treinos no triatlo que tenho feito. Eu não esperava um tempo tão bom. Pensava em fazer acima de 02h03m - festejou Aranha.
O tempo do cadeirante campeão é inferior ao recorde da prova para pedestres, estabelecido por Vanderlei Cordeiro de Lima em 2002: 2h11m53. Aranha, no entanto, prefere não comparar o resultado com os da elite do esporte.
- Fui mais rápido porque as rodas andam com a inércia. É difícil comparar as duas categorias. Se cansar e soltar a cadeira no plano, ela vai andar sozinha. Se estiver uma fadiga correndo em pé, tem que parar. Apesar de ser muito difícil na subida, a descida é muito mais fácil.
Vítima de paralisia infantil, Fernando Aranha cresceu num colégio interno e começou no atletismo paraolímpico há 12 anos, após iniciar sua vida esportiva no basquete sobre cadeira de rodas. A estreia na corrida foi um sucesso. Venceu a São Silvestre de 1999 logo em sua primeira prova e viu que era esse era o seu esporte. O divisor de águas, porém, foi mais por uma necessidade.
- Igual à maioria dos deficientes, comecei no basquete de cadeira de rodas. Mas houve um momento em que tive que parar com o esporte coletivo para estudar e trabalhar. Hoje, não sou profissional, sou só um entusiasta – acrescenta Aranha, que sonha defender o Brasil nas paraolimpíadas de 2016.
Por pouco, Ryan, o segundo colocado neste domingo, não teve o caminho mais fácil para ser campeão logo em sua primeira maratona. Aranha só decidiu competir em cima da hora, para promover o esporte de deficientes.
A terceira colocação ficou com um corredor com sobrenome de ídolo. Com a meta de disputar as Paraolimpíadas, Josimar Senna da Silva, que também fez sua estreia neste tipo de prova, descreveu a dificuldade de percorrer um trajeto deste tipo só com os braços.
- Foi cruel. Ainda bem que consegui chegar. Você faz força, faz força e nunca chega. Mas o pessoal dá apoio e ajuda. A subida é cruel e tem que ter braço. Na descida, alivia um pouco - disse Josimar, que completou os 42 quilômetros em 3h57m49s.
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