É
preciso validar a importância de algumas datas. Aqui no Brasil, os feriados não
ajudam muito a enaltecer os feitos, ressaltar a biografia das figuras
históricas, e muito menos debater a repercussão das ações humanitárias
promovidas por grandes personagens históricos brasileiros. O reconhecimento de
tais figuras nos é passado de uma forma arbitrária. Desde crianças estamos
acostumados a fazer trabalhos escolares sobre Tiradentes, cantar músicas meio
ridículas no dia do índio e a fazer uma redação burocrática sobre a Proclamação
da República.
Então , quando chega uma data a evocar os
feitos de uma figura de relevo para a construção do nosso país, interessa mesmo
se vai fazer sol ou não no feriado X. As informações acerca das condições de tráfego
nas estradas são a pauta escolhida pela imprensa. Não parece interessante,no que toca aos grandes veículos da mídia, consolidar uma informação consistente para
a nossa memória enquanto nação. Afinal, esse era o papel dos incipientes
trabalhos exigidos por muitos dos nossos professores.
Fica enraizado um desapego com a nossa memória,
uma falta de orgulho com ações extraordinárias que ajudaram a moldar a
trajetória do nosso país. E o pior, não é dada a repercussão merecida a quem
milita por causas fundamentais. Parece
então que não precisamos entender a importância de resistência existente na
trajetória de Zumbi, nem entender como a brilhante, heroica atuação com que o
movimento negro tem ajudado o país a executar uma política mais igualitária.
Abdias Nascimento, Sobral Pinto, Glauber Rocha nunca foram tema de nenhuma
pesquisa escolar minha. Nenhum feriado foi pensado para lhes homenagear. Porém,
o legado desses ícones merecia ser tema de amplo estudo.
Ainda bem que no dia 03 de dezembro o
calendário não nos presenteará com mais um dia de descanso. No Dia
Internacional das Pessoas com Deficiência são discutidos temas cruciais para a
nossa causa. A chancela da ONU carimba o grau de seriedade que o assunto
precisa ter. Através de campanhas de conscientização espalhadas ao redor do
mundo, assembleias promovidas em diálogo com entidades do poder público e
associações referenciais que lutam pela nossa inclusão, temos uma chance real
de atuarmos como agentes responsáveis pelas mudanças futuras.
A cada
ano o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência tem um tema específico. A
partir dessa escolha são pautadas as atividades e eventos deste dia. Em 2015 o
tema é "A inclusão importa: acesso e capacitação para pessoas de todas as
habilidades".
Porque
o protagonismo político é uma ferramenta indispensável para a resolução de
nossas reclamações. A mobilização organizada, amplificada pela conversa e
consequente ação entre os movimentos que lutam pelos direitos das pessoas com
deficiência e o governo estará em pleno destaque. Portanto, no dia 03 de
dezembro, devemos acompanhar com atenção ao movimento produzido nas nossas cidades.
Seja por ações inclusivas com caráter cultural, ou quando podemos exercer uma
função pedagógica virtual, e disseminar conteúdo sobre o assunto pelas redes
sociais. O principal, no entanto, é nos inteirarmos sobre os encontros
promovidos entre as instâncias do poder e as representações dos movimentos
inclusivos e marcarmos presença. Para ouvirmos e participarmos do processo.
Infelizmente, no Brasil, a cultura do feriado não valoriza a riqueza dos
personagens históricos escolhidos. E um país sem apego à própria memória não
consolida uma prática de avanço, de melhora com o próprio futuro. O dia 03 de
dezembro não determinou os feitos históricos a uma pessoa específica. Nesta
data, nós, que somos mais de 45 milhões de pessoa com deficiência no país,
precisamos ecoar as nossas demandas. E sempre consolidar um caminho para a mudança
que queremos ter.
Um abraço para todos!
André
Nóbrega.
Perfeito, amigo. Excelente texto e reflexão!
ResponderExcluirNeste último feriado carioca, em homenagem a luta pela igualdade "racial" simbolizado pelo ícone Zumbi, pensei justamente isso que vc muito bem pontuou: como simplesmente ignoramos os porquês dos feriados e de sua história, nos importando somente com o dia de folga que ele pode proporcionar. Isso é extremamente limitante e também injusto com aqueles que pavimentaram a estrada que hoje trilhamos com mais tranquilidade.
Obrigado pela dedicação em nos oferecer ótimas leituras!
Um abraço, Ricardo.
Muito Bom. Infelizmente ainda ha um longo caminho a percorrer
ResponderExcluirAugusto Novis