22 fevereiro 2016

Empatia é quase amor

  
  Empatia: substantivo feminino. Ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias. Pode ser a aptidão para se identificar com o outro, sentindo o que ele sente, desejando o que ele deseja, aprendendo da maneira como ele aprende.

     A mostra sensorial ‘’Diálogo no Escuro’’ dimensiona o significado da palavra empatia, e muito melhor do que qualquer verbete de dicionário. Antes, contudo, me responda de maneira sincera: você gostaria de saber como a deficiência visual atinge as pessoas?

 Talvez, você, ao pensar no tema,ressalte as informações gerais, comuns ao tema.Mesmo que tais pensamentos estejam fixados a um desfile de lugares comuns.Tais como aquela máxima,a afirmar que todo o cego é dotado por uma superaudição .Isso vale para o Stevie Wonder,com certeza funcionou para o Ray Charles.Tenho cá minhas dúvidas sobre a aplicabilidade disso de forma unânime,vinculada como verdade para todos que passem pelo problema.

  Acho que a necessidade de adaptação seja inerente a alguém com essa deficiência. Aí sim, seja indispensável apurar o sentido da audição .Muitas vezes, isso nos é passado como um poder mágico. Acreditar nisso dá um tom de uniformidade rasteira para a questão. E quando aceitamos essas conceitualizações de meia tigela,nós ficamos distantes das peculiaridades do tema.

   Ao invés de repetir um clichê, por que não deixarmos a experiência modificar o acúmulo das formulações teóricas inconsistentes?Que tal deixarmos a empatia reformular as percepções acumuladas sobre o tema?

  O que a mostra ‘’Diálogo no Escuro’’ propõe é justamente isso. Nela, você será guiado por ambientes sem nenhuma iluminação, e tendo como guia um deficiente visual.

    Imagino a abrangência da iniciativa. Uma ação potente, capaz de nos tirar da zona de conforto, e passar pela experiência, pelo menos por alguns momentos,de como se dá a percepção de uma pessoa com referências singulares,bem diferentes das nossas. Quais os mecanismos usados por alguém que não enxerga usa  para perceber a vida?

   Essa empreitada louvável acontece no Rio de Janeiro, no Museu Histórico Nacional, e em São Paulo, no Centro de Cultura Judaica.

   Nos tempos onde todo e qualquer registro precise da tutela do selfie para provar a sua legitimidade, mostras assim possuem um caráter pedagógico, também.Porque desconstrói a lógica de São Tomás de Aquino, a afirmar que é necessário ver para crer.

  Quando somos mais jovens, ficamos mais suscetíveis a afirmação de que aquilo que é essencial é invisível aos olhos.Com o passar do tempo,a crueza das experiências,deixamos de acreditar no enredo de histórias como a narrada no livro ‘’O Pequeno Príncipe’’.

  Endurecemos sim, em decorrência das circunstâncias com as quais nos deparamos.Por isso mesmo,devemos validar o propósito de ações como essa,capazes de nos fixarem um conceito de empatia sem a leitura de um manual.

    Com ‘’Diálogo no Escuro’’,além do bem-vindo auxílio da pessoa encarregada de lhe acompanhar,a emoção será o seu guia.

   Imagina como a visita deve ser transformadora?

  Um abraço para todos,


  André Nóbrega.


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