Empatia: substantivo feminino. Ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir
ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias. Pode
ser a aptidão para se identificar com o outro, sentindo o que ele sente,
desejando o que ele deseja, aprendendo da maneira como ele aprende.
A mostra sensorial ‘’Diálogo no Escuro’’
dimensiona o significado da palavra empatia, e muito melhor do que qualquer
verbete de dicionário. Antes, contudo, me responda de maneira sincera: você
gostaria de saber como a deficiência visual atinge as pessoas?
Talvez, você, ao pensar no tema,ressalte as
informações gerais, comuns ao tema.Mesmo que tais pensamentos estejam fixados a
um desfile de lugares comuns.Tais como aquela máxima,a afirmar que todo o cego
é dotado por uma superaudição .Isso vale para o Stevie Wonder,com certeza
funcionou para o Ray Charles.Tenho cá minhas dúvidas sobre a aplicabilidade disso
de forma unânime,vinculada como verdade para todos que passem pelo
problema.
Acho que a necessidade de adaptação seja
inerente a alguém com essa deficiência. Aí sim, seja indispensável apurar o
sentido da audição .Muitas vezes, isso nos é passado como um poder mágico. Acreditar
nisso dá um tom de uniformidade rasteira para a questão. E quando aceitamos essas
conceitualizações de meia tigela,nós ficamos distantes das peculiaridades do
tema.
Ao invés de repetir um clichê, por que não deixarmos
a experiência modificar o acúmulo das formulações teóricas inconsistentes?Que
tal deixarmos a empatia reformular as percepções acumuladas sobre o tema?
O que a mostra ‘’Diálogo no Escuro’’ propõe é
justamente isso. Nela, você será guiado por ambientes sem nenhuma iluminação, e
tendo como guia um deficiente visual.
Imagino a abrangência da iniciativa. Uma
ação potente, capaz de nos tirar da zona de conforto, e passar pela experiência,
pelo menos por alguns momentos,de como se dá a percepção de uma pessoa com
referências singulares,bem diferentes das nossas. Quais os mecanismos usados por alguém que não enxerga usa para
perceber a vida?
Essa empreitada louvável acontece no Rio de Janeiro,
no Museu Histórico Nacional, e em São Paulo, no Centro de Cultura Judaica.
Nos tempos onde todo e qualquer registro
precise da tutela do selfie para provar a sua legitimidade, mostras assim
possuem um caráter pedagógico, também.Porque desconstrói a lógica de São Tomás
de Aquino, a afirmar que é necessário ver para crer.
Quando somos mais jovens, ficamos mais
suscetíveis a afirmação de que aquilo que é essencial é invisível aos olhos.Com o
passar do tempo,a crueza das experiências,deixamos de acreditar no enredo de
histórias como a narrada no livro ‘’O Pequeno Príncipe’’.
Endurecemos sim, em decorrência das
circunstâncias com as quais nos deparamos.Por isso mesmo,devemos validar o
propósito de ações como essa,capazes de nos fixarem um conceito de empatia sem
a leitura de um manual.
Com ‘’Diálogo no Escuro’’,além do bem-vindo
auxílio da pessoa encarregada de lhe acompanhar,a emoção será o seu guia.
Imagina como a visita deve ser transformadora?
Um abraço para todos,
André Nóbrega.
Beleza de texto. Parabéns
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